domingo, 2 de novembro de 2008

Parte 2 Amor e Mar Revolto

A extensa mesa de banquete se estendia por todo o luxuoso salão, sendo rodeada por toda a tripulação, na maioria homens fortes e robustos, que se fartavam do laudo jantar e faziam muito barulho com seus instrumentos de corda e canções de pescadores.
Adiante, na ponta extrema da direita, sentava-se a corte real, um grupo seleto de burgueses e religiosos que cercavam a sacerdotisa e cuidavam de todos os detalhes pertinentes à religião.
Afastado a um canto atrás da sacerdotisa, Lambech comia seu prato de carnes ao lado de sua espada sem tirar os olhos da mesa.
Sianodel lançava olhares ao guerreiro desaprovando sua obsessão, mas de certo modo sinceramente admirado com sua dedicação ao cargo que exerce. Ele realmente não sai do lado da sacerdotisa um só minuto, chegando ao exagero de aguardá-la de pé frente ao quarto enquanto ela se banha.
Siadonel ergue a taça de vinho e automaticamente todos na mesa se calam, até mesmo os instrumentos musicais, como se o gesto do elfo inspirasse o mais profundo respeito:
— Um brinde à deusa e às novas terras!
Todos erguem sua taça e gritam em uníssono. Lysolda sorri, todos na mesa se divertem e cantam felizes. A grande cruzada parece haver despertado em todos uma nova esperança. Todos no Continente sofrem com a superpopulação e a escassez de recursos, todos os níveis da sociedade se mostrou interessada em uma nova terra, um novo mundo.
Ninguém objetivou quando Siadonel propôs essa empreitada para além do horizonte. De certa forma, todos queriam um pouco mais de ar pra respirar.
Logo, todos os tripulantes e membros da corte pareciam apreciar a viagem, e dia após dia cresciam ainda mais na certeza de estarem em segurança.
Passadas duas semanas de viagem pelo mar sem que nada de estranho ocorresse (ao contrário, tornaram-se monótonas as tarefas de vigília e defesa do navio).
Então, a contragosto de Lambech, Siadonel permitiu (em vista da aparente ausência de perigo) que os marujos tivessem todos uma noite de folga onde ninguém ficaria na vigília nem nos arpões. Àquela noite foi decretada festa no navio e todos se esbaldaram com muito vinho e carne, matando o último porco e algumas galinhas que estavam sendo cuidadas no porão.
A lua reluzia no céu estrelado, uma lua grande que brilhava na armadura poderosa de Lambech. O guerreiro fincara sua espada no convés do navio e lançava um olhar negro ao horizonte, um olhar de desafio que fez Siadonel mais uma vez se aproximar preocupado:
— Algo o incomoda, guerreiro? – diz o elfo, arrastando um manto azul — Não está frio demais aqui fora?
— Não suporto aqueles porcos lá embaixo, botânico – responde, arrancando a lâmina da madeira e encaixando na bainha — Comportam-se todos como se estivéssemos em segurança, e você ainda os permite festejar?
— Faz mais de duas semanas que estamos a navegar, Lambech, e nada de perigoso nos sucedeu além de algumas tempestades e agitações nas ondas. Não merecem um pouco de lazer após tanta apreensão?
— Não deveriam baixar a guarda, eu sinto que... - Lambech interrompe a frase e se aproxima mais do parapeito do convés, como se firmasse a vista em algo no horizonte. O elfo acompanha o olhar do guerreiro e percebe o que chamou sua atenção.
— O que acha que pode ser Lambech? – pergunta o botânico, forçando a vista até divisar pequenas ondulações no horizonte.
— Não sei botânico, mas seja o que for é grande. Será terra?
O elfo vira-se para o amigo e sorri. Sim, pode ser que seja terra e seus olhos amendoados sorriem mais ainda que seus lábios. Mas com o escuro da noite (mesmo sob o forte prata da lua), não poderiam distinguir isso com certeza. Mas seja lá o que for apontava proeminentemente no horizonte.
— Devemos ficar de prontidão, ordene aos homens que reassumam seus postos.
— Não podemos alarmá-los em vão. Podem ser apenas o mar revolto.
— O ar não aponta tempestade alguma, botânico. Dê a ordem aos homens.
— Seja razoável, atravessamos tempestades nos últimos dias e é natural que adiante estejam ondas maiores que o comum que poderiam perfeitamente despontar no horizonte. – diz Sianodel, caminhando de volta às escadas.
A forma no horizonte desaparece defronte os olhos de Lambech que pisca como se não acreditasse, ele se esforça para voltar o foco da visão e nada vê alem de água.
— Chame os homens Elfo, teremos uma batalha pela manhã.
O elfo se vira para, interrogar Lambech sobre a razão de tanto desconforto, mas olha primeiro o horizonte, e se espanta com o que vê, na verdade com o que não vê.
— Guerreiro o que acha que era aquilo? Pergunta Sianodel tremulo.
— Não sei, mas o que quer que seja já nos viu. Afirma Lambech sem olhar para o velho botânico que corre para as escadas para colocar os homens em formações.
Poucas horas depois o mar começa a se agitar como se uma tempestade se aproximasse os homens estão apreensivos na proa da enorme capitania que ousou desafiar o mar.
Um trovoar ensurdecedor se ouve vindo do fundo do mar, que logo explode ninguém vê ao certo que esta havendo, pois a água volta para o mar como se uma grande trombeta caísse sobre os bravos marinheiros, logo se vê enormes pilastras de carne que revelam como se quisessem abraçar a nau. Os homens correm para repelir outros gritam desesperados com arpões nas mãos que trovejam contra o ataque do monstro. Somente um se mantém sem se abalar no seu posto que determine que jamais deixara a sacerdotisa se ferir ou se abalar, Lambech esta na parte inferior do barco com sua espada a punhos. A parede de madeira do barco explode, revelando um tentáculo que com tamanha violência arremessa Lysolda de contra a outra extremidade da sala solta apenas um gemido alto e oco. Lambech não pensa apenas se arremessa contra o horrendo tentáculo que cintila de um lado párea o outro como a língua de um demônio. Um ataque com sua poderosa arma feito do mais duro nobre aço e o tentáculo se parte logo se segue a um estrondo ensurdecedor, que faz parecer que o céu esta caindo, logo se ouve um grunhido fino e extenso e o monstro se retira. Lambech fica ali parado olhando para o buraco feito na parede tão grande que ele mais dois homens fortes passariam sem problemas, olha o sangue fétido que banha o quarto.
Um barulho na porta devolve a sanidade a Lambech que corre para acudir Lysolda, a porta abre num brusco empurrão revelando Sianodel que esta sujo e cheirando a algo forte, mas não parece ser o sangue da criatura...
— O que ouve aqui? Pergunta o elfo quando vê Lysolda nos braços de Lambech
— Aquela coisa nos atacou e acertou a sacerdotisa. Especa o guerreiro que fala afobada mente com os olhos lacrimejantes.
Sianodel olha a quantidade de sangue no quarto e olha admirado para Lambech, observa Lysolda e deposita suas mãos abeis sobre o pescoço da jovem para confirmar as batidas de seu coração. Ele sorri.
— Não se preocupe jovem amigo, ela é mais forte que você imagina. Ela esta bem apenas inconsciente. Diz Sianodel batendo nas costas da armadura de Lambech — Vá se banhar e retirar esta imundice de teu corpo amigo, você não vai querer preocupar a jovem sacerdotisa com sua batalha.
— Por falar em imundice. Diz Lambech mais calmo-Que cheiro estranho é este que vem de suas roupas?
Sianodel sorri-É algo que chegou pouco antes de zarparmos, veio da biblioteca de Zion, dizia uma carta que acompanhava o barril que ele mesmo confeccionou, dizia que era um pó mágico e extremamente poderoso.
Lambech se retira deixando o elfo com a sua amada, na verdade ele não queria deixar, mas não pode se dar ao luxo de cair agora.

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