domingo, 2 de novembro de 2008

Parte 3 Pecados:

Já se passaram mais de sete dias, desde o ataque da criatura, que segundo Sianodel pode ser um Kraken que diz as lendas antigas, tudo esta mais calmo, quase tudo o coração de Lambech ainda esta inquieto, Lysolda quase foi morta, isto é mais que motivo para Lambech ter ainda mais certeza da inutilidade desta viajem, mas agora é tarde.
Lambech esta na parte de traz do navio, pensando se um dia conseguiram voltar para o continente, mas as sombras escuras do desespero vêm para tomar a mente te Lambech.
Ele olha para as ondas criadas pela passagem do navio, as águas começam a formar imagens, antes turvas agora nítidas, os sons das águas cortadas pela nau se tornam gritos desesperados de dor. Ele não gostaria de se lembrar deste pesadelo, mas este fora insuportavelmente real, real a ponto de dele acorda pingado suor e gritando, logo depois chora e chama por Lysolda chama baixinho para que ninguém ouvisse, não quer que todos saibam de seu medo, nem mesmo Lysolda. Ele não queria se lembrar, mas este sonho de quatro noites atraz o perturbou muito, a ponto de o maior guardião de Higa, ficar inseguro como uma criança indefesa.
Em seus aposentos no palácio real na capital de Higa, o aposento mais peróxido da ala feminina onde fica o quarto real de Lysolda. Ele esta polindo sua orgulhosa lamina que jamais fora derrotada, a não ser pelo botânico Sianodel que é um espadachim perito e com grassa em manejar duas espadas ao mesmo tempo faz Lambech parecer desajeitado e lento com sua descomunal espada, mas ele não se importa, pois o elfo é um companheiro tão amável, que seria desconfortável o fato de Lambech vencer uma justa, ele esta tranqüilo ate aliviado por saber que ela Lysolda esta segura em seu quarto.
A pesada porta de madeira maciça é posta abaixo por uma poderosa pancada e logo sete centuriões do império invadem seu aposento cercando assim o guardião. Ele sabe por que estão ali, e com um movimento rápido com sua espada ele gira e se pões em guarda:
—Não faça disto mais doloroso que já é para nós senhor. Diz um experiente guarda que lidera o grupo.
—Não gostaria de viver para ver o amanhecer meu bom amigo. Diz Lambech com a cabeça baixa.
Com uma inquisição rápida um centurião acerta o guardião nas costas com sua desleal lança, seus olhos lacrimejam amaldiçoando o dia em que conhecera Lysolda, assinando assim a sentença de morte de sua amada, ora, se não a conhecida dês de quando eram crianças nada disto estaria acontecendo.
A garganta seca, os olhos doloridos, o cheiro de sangue em sua túnica, a corrente de ar gélido típica desta época que invade o aposento escuro e frio que ele reconhece como uma parte da masmorra na zona norte da fortaleza, tudo volta a sua mente antes entorpecida, mas agora, assim como o sol raiando, iluminando a grande estaca que esta cercada de lenha seca, no pátio de frente a pequena janela que brota do solo, tudo faz um sentido cruel. E o mar volta a ser azul.
Seu devaneio desesperador é interrompido por um deslizar de mãos em suas costas que esta livre da pesada placa de metal de sua armadura. Ele não se vira, não fala sabe que é Lysolda ele sabe que ela sente sua falta, já que nos últimos dias ele tem se preocupado muito com o futuro dos dois e esquecido dela. Ele se vira para pedir perdão e antes que ele o diga, ela o interrompe com o dedo bloqueando seus lábios, ela sorrir e diz com um tom meloso e debochado.
— Foi certo, você Lambech é realmente o maior guardião de todos os tempos. Diz ela enquanto se aproxima dos lábios dele, ate beija-lo com todo amor que seu coração pode demonstrar com um beijo, ainda assim é uma pequena fração.
— Creio que ando negligente minha amada Lysolda, seria possível minha sacerdotisa perdoar este humilde servo? Diz Lambech com um sorriso amarelo, mas mesmo este sorriso sem jeito esquenta o coração da jovem clérigo, pois ela esquecera como é lindo o sorriso de seu amado, e ele jamais a perturbaria com seu pesadelo.
— Não. Diz Lysolda seria — Não sua sacerdotisa não pode perdoar, mas a mulher que lhe ama, mais que a ela mesma, sim, esta sempre te perdoará. Ela o beija novamente mais amorosamente.
A noite chega com o calor do amor dos dois clandestinos neste mundo alegre e terno dos amantes. Como estão todos ocupados com a manutenção e com a guarda da Nau, é permitido a Lambech e a Lysolda experimentarem nem que por um pouco período de tempo o que é ser feliz do lado de seu amor.
Os dois amantes têm a chance de passar a noite fria do mar, como amantes aquecidos com seus corpos quentes de paixão aflorada, os dois sem preocupações com o mundo que passa a não existir mais, só existe o amor dos dois... Esta noite foi deles
Lysolda solta um soluço e se segura para não fazer barulho enquanto derrama suas lágrimas de desespero diante a impossibilidade deste amor, ela não quer acordar seu amante e cúmplice neste pecado imperdoável.
Lambech desperta como se nascesse novamente para uma outra vida, uma vida em que a única pessoa que importa é sua amada Lysolda, a bela que dorme em seus braços... “Esta é sem duvida a imagem mais bela de todas que existe neste mundo.” Pensa ele, enquanto observa o sono restaurar a vida de Lysolda, que acaba de despertar, e sorri ao perceber que não se tratava de um sonho bom que tivera, e que era real, estivera sim com Lambech à noite e foram felizes...
Lysolda quebra os devaneios do silencio, ao observar que ainda não amanheceu.
— Caro amigo, já não deveria ter raiado o sol? Será que dormimos tão pouco, pois me sinto bem e descansada... Será que fora a magia de nosso amor que me restaura? - Diz Lysolda, antes de beijá-lo.
— Que você minha amada está restaurada pela minha vida que agora corre dentro de si, sem duvidas. Mas também é verdade que já deveria ter raiado o dia. Escute os homens já estão no convés... Vamos ver o que acontece. Se fosse algum tipo de perigo, já teríamos sidos chamados. - Lambech sorri radiante.
O marinheiro que cuida do mastro principal percebe que o sol não saíra para saudar as gotas da na manhã, intriga-se, mas no meio de sua confusão percebe no horizonte negro uma sutil porção de terra, e seu coração se aperta. Um misto de felicidade e apreensão, por que não são terras normais, está tudo muito escuro, escuro demais. Ele desce do mastro e corre atravessando o convés onde os homens estranham o não raiar do sol, corre pelos corredores ate a cabine do capitão da nau. Ao chegar percebe que o velho homem de barbas extensas e desgrenhadas não está sozinho, o elfo Sianodel já esta a conversar com o velho marujo.
— Senhor - Diz o jovem recuperando fôlego — Terra, senhor! Vejo terras negras como a noite! A estibordo. Atravessamos para outro mundo, um mundo negro, onde até o sol se esconde... - O marinheiro se cala ao perceber que falara demais sua angústia.
— Ora, chega de crendices tolas, marujo - Diz Sianodel irritado— Irá despertar o medo nos outros e nem a Deusa acalmará seus corações.
— Desculpe senhor, mas veja o senhor mesmo à terra das trevas que já deve estar visível do convés.
Sianodel se retira para ver o que assustara o marinheiro desta forma. Ao chegar à proa percebe que Lambech e Lysolda já estão na parte da frente do barco.
A ilha despontava numa curva bastante acentuada acima do horizonte, o que deu aos corações temerosos do convés a idéia de suas proporções. Lambech agita-se, como todo bom guerreiro, mal se contendo nas tábuas que sustentam seus pés. Num gesto instintivo, desembainha sua espada, que estranhamente não encontra nem uma luz pra refletir além das velas e lamparinas do convés. Um mar negro engole o ar ao redor da embarcação, a ponto de ninguém saber onde termina o chão que pisam.
Sianodel se aproxima com uma lanterna de óleo, dando ao seu rosto um aspecto ligeiramente mais magro que o normal, ressaltando a estrutura óssea característica dos elfos.
— Esse breu me soa como mágica guerreiro. Podes sentir?
Lambech não responde. Algo em seu interior o faz apertar o punho ao redor da espada. Lysolda se aproxima de seu guardião, como se pressentisse o que viria.
O vulto atravessa o convés acima de todos, como um falcão em vôo rasante.
— Seja o que for já sabe que estamos aqui – Diz Lambech, tentando inutilmente penetrar seus olhares na escuridão.
Sianodel percebe que nem sua apurada visão élfica consegue penetrar no escuro que envolve o navio. Seja o que for, está sobrevoando suas cabeças, e o mais espantoso é não ouvir nenhum farfalhar de asas. Mas prefere não mencionar isso ao guerreiro. Lambech já está apreensivo o suficiente. Num ímpeto, o botânico pega a sacerdotisa pelo braço e a arrasta para a cabine.
Lambech e todos os guerreiros ficam em prontidão no convés do navio, aguardando qualquer movimento, qualquer som que pudesse lhes indicar um alvo para suas espadas.
Mas nada veio, nenhum movimento de asas. Até o vento pareceu emudecer a espera de um ruído, mas em vão.

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